Anunciada há algum tempo, a nova série animada do Homem-Aranha surgiu com rumores de que serviria como um tipo de prequel para mostrar os primeiros dias do Peter Parker de Tom Holland como o Cabeça de Teia no MCU. Porém, conforme foram anunciando novas informações, boa parte do público sacou que se trataria de um universo separado. Agora que Seu Amigão da Vizinhança: Homem-Aranha estreou oficialmente, o público poderá acompanhar as aventuras deste Peter iniciante, tentando conciliar sua vida particular com os atos de heroísmo.
E um ponto que havia chamado atenção negativamente pelos trailers era o estilo de animação. Essa técnica de animação 3D que simula traços 2D surgiu com grande popularidade há alguns anos, mas a execução da Disney nesta série animada realmente deixa a desejar. A estética realmente não é um ponto forte deste novo Homem-Aranha, cujo design é bastante simpático, mas causa um certo estranhamento ao vê-lo em movimento. Porém, se serve de consolo, essa sensação esquisita dura apenas alguns minutos, porque a história desses primeiros episódios é tão boa, que prende o público sem fazer o menor esforço.
Em tempos de críticas ao Aranha dos cinemas, a série resgata o espírito das histórias clássicas da Era de Prata, quando o herói nasceu. O Pete consegue emular a juventude atual ao mesmo tempo que mantém uma ingenuidade, uma inocência dignas dos anos 1960. E se a série não te pegar nos primeiros minutos do episódio piloto, em que eles alteram sua história de origem, tornando-a mais similar ao nascimento de Miles Morales, pode ter certeza que a cena da pizzaria vai arrebatar todo e qualquer fã do Homem-Aranha clássico. É um momento simples, mas que transborda a essência do personagem mais amado da Marvel.
É uma condução muito legal de personagem, porque permite a interação de outros super-heróis Marvel, como a participação do Doutor Estranho e de Amadeus Cho, mas sem tirar a personalidade e responsabilidade dele em tela. Não tem aquela história de Homem-Aranha dependente do Homem de Ferro para tudo. O foco aqui é o Peter indo para a escola, vendo a garota que gosta começar a namorar outro rapaz, tentando agradar os monitores do estágio da Oscorp… Tudo isso enquanto aprende a ser um super-herói em tempo integral.
Há também uma construção de núcleo de amizades ao redor do Peter que parece muito mais promissora que a relação atual dos cinemas. É uma molecada simples e interessante, que ainda vai render muitas situações legais de acompanhar. E isso é algo incrível, porque se tem algo que sobra na trajetória de Peter Parker na Cutura Pop são coadjuvantes marcantes. A série está conseguindo agregar mais personagens a esse panteão, o que é sempre muito bem-vindo.
Falando na trajetória do herói nos quadrinhos, vale destacar que a produção insere uma porção de easter eggs do herói ao longo dos episódios. Nos dois primeiros é possível ver, por exemplo, as cenas que viralizaram nas redes sociais que foram brevemente exibidas por Tony Stark em Capitão América: Guerra Civil (2016), só que neste universo. Por mais que a arte seja realmente muito feia, esses detalhes são legais de reparar.
Enfim, as primeiras impressões deixadas por esses dois episódios iniciais são bastante positivas. A partir do momento em que o design tenebroso deixa de ser um incômodo, a série engata deliciosamente, fazendo com que você fique ansioso para ver o próximo capítulo.
