O escritor Neil Gaiman fez uma postagem em seu blog pessoal, onde negou todas as recentes acusações de agressão sexual, coerção e abuso emocional.
“Nos últimos meses, observei as histórias que circulam na internet sobre mim com horror e consternação. Fiquei quieto até agora, tanto por respeito às pessoas que estavam compartilhando suas histórias quanto pelo desejo de não chamar ainda mais atenção para muita desinformação. Sempre tentei ser uma pessoa privada e senti cada vez mais que a mídia social era o lugar errado para falar sobre assuntos pessoais importantes. Cheguei agora ao ponto em que sinto que devo dizer algo”, começou o autor.
Ele então negou as denúncias.
“Enquanto leio esta última coleção de relatos, há momentos que reconheço pela metade e momentos que não, descrições de coisas que aconteceram ao lado de coisas que enfaticamente não aconteceram. Estou longe de ser uma pessoa perfeita, mas nunca me envolvi em atividade sexual não consensual com ninguém. Alguma vez”, afirmou.
Ele acrescentou: “Voltei a ler as mensagens que troquei com as mulheres ao redor e após as ocasiões que posteriormente foram relatadas como abusivas. Essas mensagens são lidas agora como quando as recebi – de duas pessoas desfrutando de relações sexuais totalmente consensuais e querendo se ver novamente. Na época em que eu estava nesses relacionamentos, eles pareciam positivos e felizes de ambos os lados”.
Ele então se desculpou por não ser emocionalmente reciproco. “E também percebo, olhando através deles, anos depois, que eu poderia e deveria ter feito muito melhor. Eu estava emocionalmente indisponível enquanto estava sexualmente disponível, autocentrado e não tão atencioso quanto poderia ou deveria ter sido. Eu era obviamente descuidado com o coração e os sentimentos das pessoas, e isso é algo que eu realmente me arrependo profundamente. Foi egoísta da minha parte. Fui pego em minha própria história e ignorei a de outras pessoas”.
“Passei alguns meses dando uma olhada longa e dura em quem eu fui e como fiz as pessoas se sentirem”, revelou.
Ele então se comprometeu a ser uma pessoa melhor.
“Como a maioria de nós, estou aprendendo e tentando fazer o trabalho necessário, e sei que esse não é um processo da noite para o dia. Espero que, com a ajuda de pessoas boas, continue a crescer. Eu entendo que nem todo mundo vai acreditar em mim ou mesmo se importar com o que eu digo, mas eu estarei fazendo o trabalho de qualquer maneira, para mim, minha família e as pessoas que amo. Farei o meu melhor para merecer a confiança deles, bem como a confiança dos meus leitores”, prometeu.
No ele voltou a afirmar que não houve abuso.
“Ao mesmo tempo, ao refletir sobre meu passado – e ao rever tudo o que realmente aconteceu em oposição ao que está sendo alegado – não aceito que tenha havido abuso. Repetindo, nunca me envolvi em atividade sexual não consensual com ninguém”, destacou.
“Algumas das histórias horríveis que agora estão sendo contadas simplesmente nunca aconteceram, enquanto outras foram tão distorcidas do que realmente aconteceu que não têm relação com a realidade. Estou preparado para assumir a responsabilidade por quaisquer erros que cometi. Não estou disposto a virar as costas para a verdade e não posso aceitar ser descrito como alguém que não sou, e não posso e não vou admitir fazer coisas que não fiz”, concluiu.
Múltiplas mulheres acusam o escritor Neil Gaiman de assédio sexual. De acordo com um relatório publicado pela Vulture, as acusações incluem agressão sexual, coerção e abuso emocional.
As supostas vítimas alegam que Gaiman as manipulou e coagiu a realizar atos sexuais não consensuais em diversas ocasiões.
Um dos casos mais detalhados envolve Scarlett Pavlovich, que trabalhou como babá para Gaiman.
Ela afirmou que o primeiro encontro terminou com ele convencendo-a a se banhar na banheira de seu jardim enquanto ele fazia uma ligação de trabalho.
No entanto, ele teria se juntado a ela e, como Pavlovich relata, “posso dizer que ele colocou os dedos direto na minha bunda e tentou colocar o pênis na minha bunda. E eu disse: ‘Não, não’. Então ele tentou esfregar seu pênis entre meus seios, e eu disse ‘não’ também. Então ele perguntou se poderia gozar na minha cara, e eu disse ‘não’, mas ele fez mesmo assim. Ele disse: ‘Chame-me de ‘mestre’, e eu irei’. Ele disse: ‘Seja uma boa menina. Você é uma boa garotinha'”.
Além disso, o ator foi acusado e usar manteiga como lubrificante enquanto forçava Pavlovich a fazer sexo anal antes de forçá-la a limpar as fezes de seu pênis.
O relatório também afirma: “Ele ordenou que ela o chupasse enquanto ele assistia aos screeners da primeira temporada de The Sandman. Em um caso, ele enfiou seu pênis na boca de Pavlovich com tanta força que ela vomitou nele. Então ele disse a ela para comer o vômito de seu colo e lambê-lo do sofá”.
Kendra Stout, outra suposta vítima, relata experiências semelhantes, incluindo coerção, agressão física e estupro.
Ela afirma que foi coagida a fazer sexo violento com Gaiman e, depois que ela pediu que ele parasse de espancá-la com o cinto, ele respondeu: “É a única maneira de eu sair”.
Ela ainda relatou que ele a forçou a fazer sexo com ele enquanto lidava com uma infecção urinária.
“Gaiman a virou na cama, diz ela, e tentou penetrá-la com os dedos”, explica o relatório. “Ela disse a ele ‘não’. Ele parou por um momento e então a penetrou com seu pênis. Nesse ponto, ela me diz: ‘Acabei de desligar’. Ela ficou deitada na cama até que ele terminasse”.
Lembrando que Neil Gaiman está sob investigação da polícia da Nova Zelândia após acusações de agressão sexual feitas por duas mulheres.
As alegações, que abrangem um período de duas décadas, envolvem jovens mulheres que tiveram contato com o autor em diferentes circunstâncias, seja como babá de seu filho ou como admiradoras de sua escrita.
Segundo o Tortois, Gaiman nega veementemente qualquer tipo de atividade sexual não consensual com as mulheres envolvidas. Ele afirma ter feito contato com a polícia da Nova Zelândia para colaborar com a investigação, mas alega que sua oferta de assistência não foi aceita em relação à queixa de uma das mulheres em 2022. Segundo Gaiman, essa recusa sugere a falta de fundamento nas acusações.
A polícia da Nova Zelândia, por outro lado, declara ter feito “várias tentativas de contato com pessoas-chave como parte desta investigação, e esses esforços continuam em curso”. A polícia destaca a complexidade do caso, incluindo a localização de todas as partes envolvidas, e afirma estar comprometida com uma investigação completa e imparcial.
Gaiman figura na lista da Time das 100 pessoas mais influentes do mundo. Reconhecido por popularizar os quadrinhos para um público global, ele é considerado “o escritor mais querido da atualidade”.