Lançado em 2020, Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica era a grande aposta da Pixar para o ano. Contando com um elenco que estava muito em alta na época e explorando o universo do RPG, que prometia ser a grande garantia de sucesso para os anos que viriam, o longa vinha firme para surfar no sucesso comercial de Toy Story 4.
Porém, o todas as expectativas de sucesso foram por água abaixo quando, no mês de lançamento internacional do filme, o novo coronavírus foi declarado uma ameaça global, fechando os cinemas de todos os cantos do mundo e fazendo de Dois Irmãos um dos longas menos assistidos da história da Pixar.
A ideia para fazer o filme veio da própria vivência de Dan Scanlon, segundo ele mesmo confirmou durante o painel da CCXP 2019. O diretor perdeu o pai quando tinha apenas um ano de vida, então acabou crescendo com uma ideia formada apenas pelas fotos que encontrava e pelos relatos que ouvia de outros familiares. Porém, teve um causo que foi fundamental para vir o estalo da ideia. Quando ele já era maiorzinho, recebeu a notícia de que a mãe havia encontrado fitas cassetes com uma suposta mensagem do pai.
Cercado de expectativa, ele foi correndo ouvir, acreditando ser uma despedida ou um ensinamento profundo. No entanto, quando ele deu play no rádio, era apenas uma gravação do pai falando “oi” e “tchau”. Essa expectativa por um tipo de reencontro com o pai acabar sendo uma experiência de dois segundos foi frustrante, mas rendeu boas risadas e acabou reaproximando os irmãos na vida real. Era isso! Ele precisava contar essa história em um filme. E foi com a chancela da Pixar que Dan trouxe seu conto pessoal para o mundo.
Essa aventura é ambientada em uma Terra mágica, na qual as criaturas pré-históricas evoluíram para seres mágicos, fazendo com que a sociedade se desenvolvesse com centauros, quimeras, elfos e unicórnios vivendo livremente por aí. Entretanto, com o passar do tempo, essa sociedade foi avançando e desenvolvendo novas tecnologias que fizeram com que as criaturas abandonassem suas rotinas mágicas e passassem a viver no conforto dos carros, shoppings e colégios, assim como a humanidade.
Nesse mundo, Ian e Barley são dois irmãos elfos adolescentes que se comportam de formas distintas. Enquanto Ian é tímido e “normal”, Barley é um nostálgico. Ele passa o dia inteiro jogando RPG e sonhando com os tempos em que as criaturas mágicas corriam por aí soltando feitiços e tudo mais. Eles perderam o pai na infância, sendo que Ian tinha apenas um ano de vida, então não se lembra dele. Em seu aniversário, porém, ele recebe um cajado mágico escondido pelo próprio pai, que seria capaz de ressuscitá-lo por 24h.

Incrédulo com a possibilidade, Ian estuda o feitiço e tenta replicá-lo, mas um acidente faz com que apenas as pernas do pai sejam trazidas de volta. Então, Ian e Barley vão explorar o passado desse mundo mágico atrás de um artefato que permita a conclusão do feitiço antes que acabem as 24h para que o caçula possa conhecer o pai, nem que seja por pouco tempo.
A escolha do elenco foi um ponto alto do filme e prometia chamar atenção do público. Scanlon comentou que definiu a personalidade de Ian Lightfoot como um nerd tímido e inseguro, mas que conseguia ser adorável e fofo. Para ele, a escolha por Tom Holland era mais que óbvia. Já Barley Lightfoot foi criado para ser um clássico irmãozão. Jeito despojado, acolhedor, meio esquisito e implicante. Não demorou muito para que escolhessem Chris Pratt para o projeto. E como a dupla havia brilhado recentemente em Vingadores: Guerra Infinita (2018), eles decidiram aproveitar a química da dupla para a animação.
Já o RPG parecia uma referência óbvia a ser seguida, já que era uma tendência do mercado após as franquias de super-heróis se consolidarem. Inclusive, o fracasso comercial desse filme – e posteriormente o de Dungeons & Dragons -, acabou influenciando muito no abandono dessa temática pelos grandes estúdios. De qualquer forma, o uso da estrutura narrativa dos RPGs foi muito interessante e diferente das abordagens prévias da Pixar para suas histórias, meio que segmentando a trama em capítulos, colocando os irmãos para concluírem desafios para conseguirem seguir para “a próxima fase”.
Mais do que isso, o uso dessas criaturas mágicas e a forma que eles encontraram para adaptá-las em uma sociedade funcional, como a nossa, foi um verdadeiro show de criatividade da equipe, que pode desenvolver piadas visuais sensacionais.
Infelizmente, o longa acabou sendo um fracasso comercial pelo fato de todos os cinemas do mundo terem fechado bem na época de seu lançamento. Com isso, foi parar no Disney+ logo nos primeiros meses da pandemia, quando o público ainda não pensava em filmes, o que prejudicou sua passagem. Mesmo assim, é um filmaço!
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica está disponível no Disney+.
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