No dia de hoje (16), nos despedimos de um dos maiores cineastas da história da sétima arte – o disruptivo David Lynch.
O saudoso diretor deixou um legado bastante sólido antes de partir, dando origem a produções memoráveis e que influenciaram e influenciam gerações de realizadores do cinema. Apostando fichas na maximização dos aspectos surrealistas do audiovisual, Lynch foi considerado o cineasta mais importante da era contemporânea da sétima arte e é citado por outras lendas como inspiração.
Ao longo de sua carreira, que teve início em 1977 com ‘Eraserhead’, Lynch conquistou aclame e inúmeros prêmios, incluindo um Oscar honorário em 2019 pelo conjunto de sua obra. E, por mais que você não conheça a fundo o trabalho do diretor, é quase impossível encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar de obras como ‘Cidade dos Sonhos’ e ‘Twin Peaks’ – ou até mesmo de ‘Duna’, ainda mais depois da adaptação encabeçada por Denis Villeneuve.
Para além de seu tempo no audiovisual, Lynch envolveu-se com a literatura, a arte e a música, sagrando-se um artista multifacetado que deixou sua marca em praticamente todos os âmbitos da criação.
Para celebrar seu legado, preparamos uma breve lista separando cinco obras para conhecer a carreira do cineasta.
Veja abaixo:
ERASERHEAD (1977)
David Lynch tem um estilo de direção e de narrativa único que conquistou uma legião de fãs – e, em 1977, fez sua estreia oficial na sétima arte com o lançamento do icônico ‘Eraserhead’, um suspense body-horror surrealista que se tornou um dos símbolos do movimento conhecido como “filme da meia-noite”. Na trama, Henry Spencer vive em uma cidade industrial, em meio à fumaça, ao barulho e a prédios abandonados. Nesse cenário desolador, ele tem estranhas visões enquanto tenta sobreviver à raiva da namorada, Mary X, e aos gritos incessantes de seu filho recém-nascido, uma criança mutante.
O HOMEM ELEFANTE (1980)
Inspirado na vida de Joseph Merrick, ‘O Homem Elefante’ é uma das produções mais aclamadas da filmografia de Lynch – e com razão. O drama biográfico conta a história de um homem extremamente deformado que morava em Londres, no século XIX. Contando com nomes como John Hurt, Anthony Hopkins e Anne Bancroft no elenco, o longa é considerado um dos mais acessíveis do cineasta e deixa de lado o surrealismo em excesso para envolver o público em uma inesperada jornada inspirada em eventos reais. O aclame generalizado da crítica garantiu nada menos que oito indicações ao Oscar para a obra, incluindo Melhor Filme e Melhor Direção.
VELUDO AZUL (1986)
Dois anos depois do controversa adaptação de ‘Duna’, Lynch resolveu retornar para o universo a que estava extremamente acostumado a explorar com o thriller neo-noir ‘Veludo Azul’. Lançado em 1986 e trazendo nomes como Kyle MacLachlan, Isabella Rossellini e Laura Dern no elenco protagonista, o projeto foi inspirado na clássica canção de mesmo nome (“Blue Velvet”, no original), e garantiu ao cineasta a segunda indicação ao Oscar de Melhor Direção. Na trama, um rapaz volta à cidade natal após longo tempo e descobre uma orelha humana decepada em um jardim. Insatisfeito com a investigação policial, ele e a filha do detetive encarregado começam a averiguar por conta própria, e descobrem coisas estranhas.
TWIN PEAKS (1990 – 1992, 2017)
‘Twin Peaks’ talvez seja a produção de maior aclame e fama da carreira de Lynch. O drama de mistério estreou em 1990 e durou apenas duas temporadas – mas seu sucesso garantiu um longa-metragem em 1992 e um revival em 2017, mostrando o impacto causado pela obra. Amalgamando gêneros bastante diferentes em um mesmo lugar, incluindo incursões surrealistas, narrativas neo-noir e um humor bastante característico e infame, a trama é centrada no Agente Dale Cooper (Kye MacLachlan), que viaja para a cidade litorânea de Twin Peaks para investigar o assassinato da jovem Laura Palmer (Sheryl Lee).
CIDADE DOS SONHOS (2001)
Lynch é conhecido por gostar de chocar seu público. E é isso o que ele faz com grande sucesso no filme ‘Cidade dos Sonhos’, protagonizado por Naomi Watts e Laura Harring. Misturando o mundo real com as inconstâncias do paralelismo onírico, a história de mistério é perscrutada por uma gradativa tensão sexual, pautada no desejo e no primitivismo humano, entre as personagens principais, que eventualmente consumam sua atração uma pela outra em uma cena incrível. Ao contrário de outros filmes do gênero, a crueza é a opção narrativa principal, com passagens explícitas e que não se preocupam com a catarse absorvida pelo espectador.
BÔNUS: DUNA (1984)
Antes de Denis Villeneuve, o épico romance sci-fi ‘Duna’ já havia ganhado uma adaptação para os cinemas pelas mãos de Lynch. Transformando os escritos de Frank Herbert em uma space opera que não fez o sucesso prometido (arrecadando apenas US$30,9 milhões ao redor do mundo e tendo uma recepção bastante desfavorável pelos especialistas), o filme ganhou uma legião de fãs com o passar dos anos e sagrou-se um clássico cult – por mais que continue dividindo as opiniões entre até mesmo os fãs mais inveterados do diretor.