quarta-feira , 19 março , 2025

Crítica | ‘Uma Família Perfeita’ tem bons momentos, mas poderia ser muito melhor


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O texto em questão contempla os dois primeiros episódios da série.

Uma Família Perfeita, nova série do Disney+, é centrada em Kristine (Ellen Pompeo) e Michael Barnett (Mark Duplass), um casal que enfrenta problemas após a adoção de uma jovem menina dar errado e criar um abismo entre os dois que parece impossível de ser consertado. Porém, as coisas mudam quando uma agência de adoção entra em contato com eles para falar de uma pequena menina PCD de sete anos ucraniana que foi rejeitada por sua família anterior e, agora, está desesperada para encontrar um lar – caso contrário, ela será colocada em um grupo de apoio até ser escolhida por outros pais. Assim, os dois adotam Natalia Grace (Imogen Faith Reid) apenas para descobrirem que a jovem esconde segredos obscuros que podem arruiná-los.



A atração é inspirada no caso real de Natalia, uma garota com nanismo que foi abandonada pelos Barnett após acreditarem que ela, na verdade, era uma mulher adulta que se aproveitava de sua condição para se passar por criança. Após conseguirem mudar a certidão de Natalia através de métodos jurídicos, seu nascimento foi mudado para 1989 – e apenas em 2023 a decisão foi revertida através de testes de DNA que comprovaram que ela, de fato, havia nascido em 2003. E, caso a história soe familiar, é porque inspirou o clássico terror ‘A Órfã’, estrelado por Isabelle Fuhrman e Vera Farmiga.

uma familia perfeita 3

A série, que traz Pompeo também como produtora executiva, é bastante funcional na maior parte de seus aspectos e, por essa razão, frustra o público que buscava encontrar algo um pouco mais original. A condução dos dois primeiros episódios parte de premissas similares dentro do gênero em questão e aposta fichas em uma mistura de suspense e drama cujo maior sucesso destina-se à química e às performances do elenco. Todavia, é notável como as showrunners Katie Robbins e Sarah Sutherland parecem um pouco travadas para dar um passo maior que a perna, recusando-se a explorar todo o potencial da obra e deixando que convencionalismos falem mais altos em boa parte das sequências.


De qualquer maneira, o público é engolfado nessa instigante trama logos nos primeiros minutos: oscilando entre presente e passado, somos bombardeados com a informação de que Natalia tentou matar Kristine – que agora enfrenta julgamento sob as alegações de “abandono de incapaz”. E, a partir daí, somos arremessados de volta para os anos 2010, em que Kristine e Michael adotam Natalia e começam a perceber certas coisas estranhas rodeando a mais nova integrante da família, incluindo variações de humor extremas e uma tendência psicótica que nos relembra imediatamente do já mencionado longa ‘A Órfã’. Ora, é até mesmo possível traçar paralelos entre a encarnação de Fuhrman e a de Reid (está roubando os holofotes com uma rendição espetacular e muito sólida).

uma familia perfeita 2

A atriz-mirim não é a única a nos encantar: Pompeo, tendo eternizado o papel de Meredith Grey em ‘Grey’s Anatomy’, se desvencilha da personagem que imortalizou no drama médico e investe esforços em uma suntuosa performance que nos angustia em todas as sequências divididas ao lado de Reid, construindo um claro arco em que ela é desacreditada, pouco a pouco, de que algo está errado com Natalia. Duplass, por sua vez, dá vida a um homem afundado em uma depressão que só se cura quando uma nova criança é adotada, acreditando que os problemas, agora, irão desaparecer em um passe de mágica – sem perceber que o buraco é muito mais embaixo.

Assista também: 
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Liz Garbus e Stacie Passon ficam responsáveis pela direção dos capítulos iniciais, partindo do roteiro assinado pela própria Robbins. A dupla mantém uma identidade bastante clara que navega pelo falso conforto de tons amarelados e convidativos, e que, ao mesmo tempo, preza por uma mudança drástica que afeta todos os protagonistas e coadjuvantes. Por essa razão, Garbus e Passon preferem se confinar à zona de conforto do que oferecer vislumbres diferenciados para tantos títulos semelhantes – o que não é algo ruim, por assim dizer, mas demonstra um apego pelo comum que pega páginas emprestadas de inúmeras construções cênicas. E Robbins, por mais que invista de forma considerável nos personagens, permite que diálogos repetitivos ganhem forma.

uma familia perfeita 1 1

Uma Família Perfeita tem bons momentos, é claro, mas deixa um gostinho agridoce por ter todos os elementos para se transformar em uma das melhores séries do ano. Contudo, Pompeo, Reid e o restante do elenco trazem um certo ar de inovação a um espectro conhecido – e, talvez, isso seja o suficiente para agradar ao público.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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A atração é inspirada no caso real de Natalia, uma garota com nanismo que foi abandonada pelos Barnett após acreditarem que ela, na verdade, era uma mulher adulta que se aproveitava de sua condição para se passar por criança. Após conseguirem mudar a certidão de Natalia através de métodos jurídicos, seu nascimento foi mudado para 1989 – e apenas em 2023 a decisão foi revertida através de testes de DNA que comprovaram que ela, de fato, havia nascido em 2003. E, caso a história soe familiar, é porque inspirou o clássico terror ‘A Órfã’, estrelado por Isabelle Fuhrman e Vera Farmiga.

uma familia perfeita 3

A série, que traz Pompeo também como produtora executiva, é bastante funcional na maior parte de seus aspectos e, por essa razão, frustra o público que buscava encontrar algo um pouco mais original. A condução dos dois primeiros episódios parte de premissas similares dentro do gênero em questão e aposta fichas em uma mistura de suspense e drama cujo maior sucesso destina-se à química e às performances do elenco. Todavia, é notável como as showrunners Katie Robbins e Sarah Sutherland parecem um pouco travadas para dar um passo maior que a perna, recusando-se a explorar todo o potencial da obra e deixando que convencionalismos falem mais altos em boa parte das sequências.

De qualquer maneira, o público é engolfado nessa instigante trama logos nos primeiros minutos: oscilando entre presente e passado, somos bombardeados com a informação de que Natalia tentou matar Kristine – que agora enfrenta julgamento sob as alegações de “abandono de incapaz”. E, a partir daí, somos arremessados de volta para os anos 2010, em que Kristine e Michael adotam Natalia e começam a perceber certas coisas estranhas rodeando a mais nova integrante da família, incluindo variações de humor extremas e uma tendência psicótica que nos relembra imediatamente do já mencionado longa ‘A Órfã’. Ora, é até mesmo possível traçar paralelos entre a encarnação de Fuhrman e a de Reid (está roubando os holofotes com uma rendição espetacular e muito sólida).

uma familia perfeita 2

A atriz-mirim não é a única a nos encantar: Pompeo, tendo eternizado o papel de Meredith Grey em ‘Grey’s Anatomy’, se desvencilha da personagem que imortalizou no drama médico e investe esforços em uma suntuosa performance que nos angustia em todas as sequências divididas ao lado de Reid, construindo um claro arco em que ela é desacreditada, pouco a pouco, de que algo está errado com Natalia. Duplass, por sua vez, dá vida a um homem afundado em uma depressão que só se cura quando uma nova criança é adotada, acreditando que os problemas, agora, irão desaparecer em um passe de mágica – sem perceber que o buraco é muito mais embaixo.

Liz Garbus e Stacie Passon ficam responsáveis pela direção dos capítulos iniciais, partindo do roteiro assinado pela própria Robbins. A dupla mantém uma identidade bastante clara que navega pelo falso conforto de tons amarelados e convidativos, e que, ao mesmo tempo, preza por uma mudança drástica que afeta todos os protagonistas e coadjuvantes. Por essa razão, Garbus e Passon preferem se confinar à zona de conforto do que oferecer vislumbres diferenciados para tantos títulos semelhantes – o que não é algo ruim, por assim dizer, mas demonstra um apego pelo comum que pega páginas emprestadas de inúmeras construções cênicas. E Robbins, por mais que invista de forma considerável nos personagens, permite que diálogos repetitivos ganhem forma.

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Uma Família Perfeita tem bons momentos, é claro, mas deixa um gostinho agridoce por ter todos os elementos para se transformar em uma das melhores séries do ano. Contudo, Pompeo, Reid e o restante do elenco trazem um certo ar de inovação a um espectro conhecido – e, talvez, isso seja o suficiente para agradar ao público.

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