quinta-feira , 6 março , 2025

Crítica | Simone Ashley esbanja carisma na adorável comédia romântica ‘Queimando o Filme’


YouTube video

O que torna uma comédia romântica boa?

Desde que o cinema se sagrou como arte há tantas décadas, um dos gêneros mais explorados por realizadores é o das comédias românticas. Ano após ano, o cenário audiovisual é bombardeado com produções desse tipo – e, apesar de boa parte falhar em trazer qualquer originalidade, é inegável o tato que os produtores e diretores têm para escalar as pessoas certas para ocuparem os arquétipos dessas narrativas: um protagonista cuja vida ou vira de cabeça para baixo ao cruzar caminho com seu futuro par romântico, ou que remonta os bons momentos que teve ao lado de um amor que jurava ser eterno, ou engolfado em um arco de enemies-to-friends.



A verdade é que, por mais que critiquemos a falta de elementos novos em obras desse tipo, não podemos deixar de nos encantar pela química do elenco principal – quando ela existe, obviamente – e pela despojada atmosfera que apenas reitera o quão bom é acreditar no amor, seja ele à primeira vista ou um pouco mais tardio. De vez em quando, títulos como ‘Podres de Ricos’ e ‘Upgraded: As Cores do Amor’ despontam em meio a um mar de repetições cansativas, mas, no final das contas, estamos aqui pela suavidade de um enredo familiar e que já sabemos como vai terminar. E, bom, é dessa premissa descompromissada que o Prime Video nos apresenta à sua mais nova rom-com: Queimando o Filme.

queimando o filme

A trama acompanha Pia (Simone Ashley), uma jovem que beira os trinta anos e que luta para manter seu estúdio de retratos em pé ao lado do melhor amigo Jay (Luke Fetherston), por mais que as contas estejam chegando e eles estejam adiando o “inevitável”. Como se não bastasse, ela se vê aporrinhada pela mãe para encontrar alguém com quem se casar – mesmo que isso leve tempo. Para completar, Pia é dama de honra do matrimônio da irmã mais nova, Sonal (Anoushka Chadha), e, durante uma pré-cerimônia de noivado, ela contrata um astrólogo para prever o brilhante futuro que ela terá ao lado do marido. Pia, então, resolve se consultar com o astrólogo, que lhe diz que ela encontrará seu amor verdadeiro dentre os próximos cinco encontros que tiver – levando a família a ajudá-la a encontrar um parceiro.


O longa é inspirado em ‘Cinco Chances Para Ser Feliz’, rom-com australiana lançada ano passado e que parte da mesma sinopse. Porém, aqui, a atmosfera é pincelada com uma mistura entre Índia e Inglaterra que explode em carisma e em brilho, garantindo que cada membro de um extenso elenco tenha seu momento para roubar os holofotes – e, dentro dos limites existentes dentro desse gênero, a diretora Prarthana Mohan (‘O Natal Foi Cancelado’) comanda engrenagens bastante formulaicas em uma satisfatória jornada que, porventura, deixa o romance de lado em prol de uma protagonista charmosa e envolvente, cortesia de uma performance aplaudível de Ashley.

queimando o filme

Ashley, que tornou-se conhecida por seus papéis nas séries ‘Sex Education’ e Bridgerton, apresenta um novo lado de sua atuação ao livrar-se das amarras de suas personagens anteriores (uma patricinha e uma monarca) para se jogar de cabeça em uma diversão completa, ainda mais quando pareada com Sindhu Vee, que dá vida à sua mãe, Laxmi, e com Fetherston. Mesmo que roube todas as cenas, Ashley sabe compartilhá-las com seus colegas de elenco de maneira fluida e bem-disposta, percebendo que funciona melhor quando apoiada por pessoas que sabem o que estão fazendo. E, para além de Vee e Fetherston, o restante do elenco também se deixa levar por esse singelo conto.

Assista também: 
YouTube video



A verdade é que Pia não é uma protagonista em função do amor, e sim o contrário: o amor faz parte de um universo gigante que inclui os laços que cultiva com a família, com os amigos e com sua profissão e independência. No começo do filme, ela afirma que provavelmente nunca se casará ou terá filhos, visto que não se preocupa com isso e que nutre de sentimentos agridoces de um ex-namorado que permanece na sua mente, Charlie (Hero Fiennes Tiffin). É claro que, no final das contas, Pia se abre a todas as formas, tangíveis e intangíveis, do amor – mas não nos preocupamos com o casal em si, e sim que tudo dê certo para uma personagem principal que nos arrebata em confiança, obstáculos, deslizes e acertos desde os primeiros segundos.

queimando o filme

Nikita Lalwani traz sua firme mão para assinar o roteiro e sabe como construir diálogos que, por mais “básicos” que sejam, dão dinamismo através da entrega dos atores e atrizes. Os equívocos existem, é claro, dado que a estrutura do primeiro e do segundo atos são um tanto quanto descabíveis; porém, Lalwani faz questão de deixar o melhor para o final, nos surpreendendo com um tocante ato de conclusão que, apesar de inclinado ao melodrama, traz emoções sinceras às telas.

Queimando o Filme pode ser desprovido de uma originalidade considerável e se apoiar em clichês, mas nada disso importa nos é dado é o alicerce mais puro das comédias românticas. O que importa é que, à medida que os quase cem minutos de longa terminam, sentimos um abraço reconfortante nos envolver e percebemos que estamos satisfeitos com o que nos foi prometido.


Assista:
YouTube video

Mais notícias...

Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
200,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS

Crítica | Simone Ashley esbanja carisma na adorável comédia romântica ‘Queimando o Filme’

O que torna uma comédia romântica boa?

Desde que o cinema se sagrou como arte há tantas décadas, um dos gêneros mais explorados por realizadores é o das comédias românticas. Ano após ano, o cenário audiovisual é bombardeado com produções desse tipo – e, apesar de boa parte falhar em trazer qualquer originalidade, é inegável o tato que os produtores e diretores têm para escalar as pessoas certas para ocuparem os arquétipos dessas narrativas: um protagonista cuja vida ou vira de cabeça para baixo ao cruzar caminho com seu futuro par romântico, ou que remonta os bons momentos que teve ao lado de um amor que jurava ser eterno, ou engolfado em um arco de enemies-to-friends.

A verdade é que, por mais que critiquemos a falta de elementos novos em obras desse tipo, não podemos deixar de nos encantar pela química do elenco principal – quando ela existe, obviamente – e pela despojada atmosfera que apenas reitera o quão bom é acreditar no amor, seja ele à primeira vista ou um pouco mais tardio. De vez em quando, títulos como ‘Podres de Ricos’ e ‘Upgraded: As Cores do Amor’ despontam em meio a um mar de repetições cansativas, mas, no final das contas, estamos aqui pela suavidade de um enredo familiar e que já sabemos como vai terminar. E, bom, é dessa premissa descompromissada que o Prime Video nos apresenta à sua mais nova rom-com: Queimando o Filme.

queimando o filme

A trama acompanha Pia (Simone Ashley), uma jovem que beira os trinta anos e que luta para manter seu estúdio de retratos em pé ao lado do melhor amigo Jay (Luke Fetherston), por mais que as contas estejam chegando e eles estejam adiando o “inevitável”. Como se não bastasse, ela se vê aporrinhada pela mãe para encontrar alguém com quem se casar – mesmo que isso leve tempo. Para completar, Pia é dama de honra do matrimônio da irmã mais nova, Sonal (Anoushka Chadha), e, durante uma pré-cerimônia de noivado, ela contrata um astrólogo para prever o brilhante futuro que ela terá ao lado do marido. Pia, então, resolve se consultar com o astrólogo, que lhe diz que ela encontrará seu amor verdadeiro dentre os próximos cinco encontros que tiver – levando a família a ajudá-la a encontrar um parceiro.

O longa é inspirado em ‘Cinco Chances Para Ser Feliz’, rom-com australiana lançada ano passado e que parte da mesma sinopse. Porém, aqui, a atmosfera é pincelada com uma mistura entre Índia e Inglaterra que explode em carisma e em brilho, garantindo que cada membro de um extenso elenco tenha seu momento para roubar os holofotes – e, dentro dos limites existentes dentro desse gênero, a diretora Prarthana Mohan (‘O Natal Foi Cancelado’) comanda engrenagens bastante formulaicas em uma satisfatória jornada que, porventura, deixa o romance de lado em prol de uma protagonista charmosa e envolvente, cortesia de uma performance aplaudível de Ashley.

queimando o filme

Ashley, que tornou-se conhecida por seus papéis nas séries ‘Sex Education’ e Bridgerton, apresenta um novo lado de sua atuação ao livrar-se das amarras de suas personagens anteriores (uma patricinha e uma monarca) para se jogar de cabeça em uma diversão completa, ainda mais quando pareada com Sindhu Vee, que dá vida à sua mãe, Laxmi, e com Fetherston. Mesmo que roube todas as cenas, Ashley sabe compartilhá-las com seus colegas de elenco de maneira fluida e bem-disposta, percebendo que funciona melhor quando apoiada por pessoas que sabem o que estão fazendo. E, para além de Vee e Fetherston, o restante do elenco também se deixa levar por esse singelo conto.

A verdade é que Pia não é uma protagonista em função do amor, e sim o contrário: o amor faz parte de um universo gigante que inclui os laços que cultiva com a família, com os amigos e com sua profissão e independência. No começo do filme, ela afirma que provavelmente nunca se casará ou terá filhos, visto que não se preocupa com isso e que nutre de sentimentos agridoces de um ex-namorado que permanece na sua mente, Charlie (Hero Fiennes Tiffin). É claro que, no final das contas, Pia se abre a todas as formas, tangíveis e intangíveis, do amor – mas não nos preocupamos com o casal em si, e sim que tudo dê certo para uma personagem principal que nos arrebata em confiança, obstáculos, deslizes e acertos desde os primeiros segundos.

queimando o filme

Nikita Lalwani traz sua firme mão para assinar o roteiro e sabe como construir diálogos que, por mais “básicos” que sejam, dão dinamismo através da entrega dos atores e atrizes. Os equívocos existem, é claro, dado que a estrutura do primeiro e do segundo atos são um tanto quanto descabíveis; porém, Lalwani faz questão de deixar o melhor para o final, nos surpreendendo com um tocante ato de conclusão que, apesar de inclinado ao melodrama, traz emoções sinceras às telas.

Queimando o Filme pode ser desprovido de uma originalidade considerável e se apoiar em clichês, mas nada disso importa nos é dado é o alicerce mais puro das comédias românticas. O que importa é que, à medida que os quase cem minutos de longa terminam, sentimos um abraço reconfortante nos envolver e percebemos que estamos satisfeitos com o que nos foi prometido.

Mais notícias...

Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS