quarta-feira , 12 março , 2025

Crítica Netflix | Larissa: O Outro Lado de Anitta – Documentário promete nova faceta da cantora, mas acaba por revelar Pedro Cantelmo


YouTube video

O documentário Larissa: O Outro Lado de Anitta, lançado em 6 de março na Netflix, propõe revelar um novo lado da cantora, mas se contradiz. Anitta critica a tendência de atribuir seu sucesso à influência dos homens de sua vida, mas o filme entrega a narrativa a Pedro Cantelmo, seu crush da adolescência. Em vez de explorar a dualidade entre artista e mulher, a produção acaba transformando Pedro em narrador onisciente, obscurecendo a figura da própria Larissa por trás de Anitta.

Desde Vai Anitta (2018) até Anitta: Made in Honório (2020), a cantora já havia mostrado os bastidores de sua ascensão, sua intimidade e desafios profissionais. Nos últimos cinco anos, conquistou marcos históricos: chegou ao topo do Spotify global, entrou para o Guinness World Records e venceu três VMAs. Apesar disso, seu terceiro documentário escolhe um caminho diferente, tentando humanizá-la ao explorar suas vulnerabilidades e desejos pessoais. O problema é que essa proposta se perde.



Anitta documentario

A ideia inicial era contrastar a popstar e a mulher, mas a tentativa se dissolve em uma história de amor fadada ao fim, narrada pelo quase onipresente Pedro Cantelmo. O roteiro de Maria Ribeiro, João Wainer e Vitor Cardoso começa bem, com imagens de infância e a clássica narrativa do “talento desde cedo”, com a menininha de um ano dançando colada às caixas de som. A estrutura de Larissa: O Outro Lado de Anitta, no entanto, logo se fragiliza, sem decidir se quer explorar a identidade de Larissa além da fama ou apenas contar um romance frustrado.

A trilha sonora com Let’s Stay Together, de Al Green, reforça o tom amoroso, a qual ela confessa ser sua canção favorita por conta da cena de Julia Stiles com Freddie Prinze Jr. no filme Louco por Você (2000). O documentário sugere que esse romance de adolescência teria uma segunda chance, agora que Larissa virou uma estrela internacional e Pedro, um desconhecido, se torna seu cameraman. Ele não perde a oportunidade de viver uma história digna de Um Lugar Chamado Notting Hill (1999). Larissa, ou Anitta, queria protagonizar um grande amor, conseguiu vivê-lo, mas o final não saiu como esperado.


larissa o outro lado de anitta novo documentario da cantora chega ao streaming

O documentário tenta se recuperar quando Larissa reflete sobre sua trajetória e suas buscas pessoais, mencionando terapia e autoconhecimento, além do amadurecimento com a chegada dos 30 anos. A conclusão reforça a sensação de que faltou profundidade: em vez de explorar suas contradições e complexidades, o filme se apoia em mensagens de autoajuda e cenas contemplativas na praia de São Conrado, sem um real desfecho emocional, mas frases soltas exaltando a felicidade. 

A escolha de Pedro como “cameraman íntimo” cria a ilusão de uma perspectiva autêntica, mas acaba reduzindo a protagonista ao objeto do olhar dele. Essa encenação, por vezes, impede que o espectador tenha acesso genuíno a Larissa por trás da estrela, enfraquecendo a proposta inicial de mostrar um lado mais verdadeiro da artista. 

Assista também: 
YouTube video



anitta e pedro cantelmo durante gravacoes do documentario larissa o outro lado de anitta
Pedro Cantelmo por trás de Anitta (Foto: Netflix)

Feito para os fãs, o documentário Larissa: O Outro Lado de Anitta promete uma nova faceta da artista, mas se perde em repetições e em uma narrativa centrada no homem por trás da câmera. A Anitta empresária e estrategista, tão presente em outros momentos de sua carreira, sai de cena. Sua trajetória e reflexões são ofuscadas pelo amplo espaço dedicado a Pedro Cantelmo, cuja onipresença na narrativa acaba por desviar a premissa inicial. O documentário seria mais enriquecedor se mergulhasse nas contradições da própria Anitta, sem se prender a uma história de amor sem desfecho convincente.


Assista:
YouTube video

Mais notícias...

Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
200,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS

Crítica Netflix | Larissa: O Outro Lado de Anitta – Documentário promete nova faceta da cantora, mas acaba por revelar Pedro Cantelmo

O documentário Larissa: O Outro Lado de Anitta, lançado em 6 de março na Netflix, propõe revelar um novo lado da cantora, mas se contradiz. Anitta critica a tendência de atribuir seu sucesso à influência dos homens de sua vida, mas o filme entrega a narrativa a Pedro Cantelmo, seu crush da adolescência. Em vez de explorar a dualidade entre artista e mulher, a produção acaba transformando Pedro em narrador onisciente, obscurecendo a figura da própria Larissa por trás de Anitta.

Desde Vai Anitta (2018) até Anitta: Made in Honório (2020), a cantora já havia mostrado os bastidores de sua ascensão, sua intimidade e desafios profissionais. Nos últimos cinco anos, conquistou marcos históricos: chegou ao topo do Spotify global, entrou para o Guinness World Records e venceu três VMAs. Apesar disso, seu terceiro documentário escolhe um caminho diferente, tentando humanizá-la ao explorar suas vulnerabilidades e desejos pessoais. O problema é que essa proposta se perde.

Anitta documentario

A ideia inicial era contrastar a popstar e a mulher, mas a tentativa se dissolve em uma história de amor fadada ao fim, narrada pelo quase onipresente Pedro Cantelmo. O roteiro de Maria Ribeiro, João Wainer e Vitor Cardoso começa bem, com imagens de infância e a clássica narrativa do “talento desde cedo”, com a menininha de um ano dançando colada às caixas de som. A estrutura de Larissa: O Outro Lado de Anitta, no entanto, logo se fragiliza, sem decidir se quer explorar a identidade de Larissa além da fama ou apenas contar um romance frustrado.

A trilha sonora com Let’s Stay Together, de Al Green, reforça o tom amoroso, a qual ela confessa ser sua canção favorita por conta da cena de Julia Stiles com Freddie Prinze Jr. no filme Louco por Você (2000). O documentário sugere que esse romance de adolescência teria uma segunda chance, agora que Larissa virou uma estrela internacional e Pedro, um desconhecido, se torna seu cameraman. Ele não perde a oportunidade de viver uma história digna de Um Lugar Chamado Notting Hill (1999). Larissa, ou Anitta, queria protagonizar um grande amor, conseguiu vivê-lo, mas o final não saiu como esperado.

larissa o outro lado de anitta novo documentario da cantora chega ao streaming

O documentário tenta se recuperar quando Larissa reflete sobre sua trajetória e suas buscas pessoais, mencionando terapia e autoconhecimento, além do amadurecimento com a chegada dos 30 anos. A conclusão reforça a sensação de que faltou profundidade: em vez de explorar suas contradições e complexidades, o filme se apoia em mensagens de autoajuda e cenas contemplativas na praia de São Conrado, sem um real desfecho emocional, mas frases soltas exaltando a felicidade. 

A escolha de Pedro como “cameraman íntimo” cria a ilusão de uma perspectiva autêntica, mas acaba reduzindo a protagonista ao objeto do olhar dele. Essa encenação, por vezes, impede que o espectador tenha acesso genuíno a Larissa por trás da estrela, enfraquecendo a proposta inicial de mostrar um lado mais verdadeiro da artista. 

anitta e pedro cantelmo durante gravacoes do documentario larissa o outro lado de anitta
Pedro Cantelmo por trás de Anitta (Foto: Netflix)

Feito para os fãs, o documentário Larissa: O Outro Lado de Anitta promete uma nova faceta da artista, mas se perde em repetições e em uma narrativa centrada no homem por trás da câmera. A Anitta empresária e estrategista, tão presente em outros momentos de sua carreira, sai de cena. Sua trajetória e reflexões são ofuscadas pelo amplo espaço dedicado a Pedro Cantelmo, cuja onipresença na narrativa acaba por desviar a premissa inicial. O documentário seria mais enriquecedor se mergulhasse nas contradições da própria Anitta, sem se prender a uma história de amor sem desfecho convincente.

Mais notícias...

Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS