quinta-feira , 13 março , 2025

Crítica | Cillian Murphy faz um trabalho fabuloso no dilacerante drama ‘Pequenas Coisas Como Estas’


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Cillian Murphy vem se provando um dos maiores atores de sua geração ano após ano. Depois de ter participado de obras como ‘Peaky Blinders’ e ‘Um Lugar Silencioso: Parte 2’, o astro levou para casa o Oscar de Melhor Ator por sua performance incrível em ‘Oppenheimer’ – caindo ainda mais no gosto da crítica e do público. E, pouco depois de ter colaborado com Christopher Nolan, Murphy firmou parceria com Tim Mielants para um poderoso e cru drama histórico intitulado Pequenas Coisas Como Estas, que chega hoje, 13 de março, aos cinemas brasileiros.

A trama é centrada em Bill Furlong (Murphy), um carvoeiro que mora na pequena cidade irlandesa de New Ross e que é pai de cinco filhas. Além de ser bastante respeitado pelos outros moradores locais, ele lida com traumas de uma penosa infância ao lado da mãe solteira e condenado ao ostracismo pela própria família – e sempre escolheu ficar longe de problemas e não repetir os erros de um passado distante. Em uma determinada noite perto do Natal, Bill vai fazer uma entrega ao convento de garotas da cidade e encontra uma jovem quase congelando de frio e presa em um armazém de carvão – levando-o a descobrir segredos obscuros que se escondem dentro das fortificadas paredes da igreja.



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Baseado no aclamado romance homônimo de Claire Keegan, que inclusive foi eleito como um dos melhores livros do século, a trama traz como inspiração as Lavanderias de Magdalene, nome popular dos manicômios de Magdalene – instituições católicas destinadas a “mulheres caídas”, isto é, a profissionais do sexo, a jovens que ficaram grávidas fora do matrimônio ou àquelas sem apoio familiar. Todavia, apesar de defenderem uma recuperação dessas mulheres, tais lugares funcionavam como um cárcere de escravidão que submetia suas pacientes a trabalharem compulsoriamente, com provisões racionadas e sob circunstâncias deploráveis, além de serem exploradas para manter serviços a terceiros através de uma rede de lavanderias – e o mais chocante é que essas prisões existiram entre 1922 e 1998.

Dessa forma, não leva muito tempo até que Bill descubra o que está acontecendo e que, à maneira que deseja salvar aquela garota de retornar para aquele inferno, é alertado para não cruzar caminho com as irmãs que controlam a instituição, pois elas possuem uma influência muito grande em New Ross e podem destruir a vida dele e da família. E, a partir daí, o protagonista se vê em um dilema moral que o coloca no centro de um campo de batalha e que se apoia em conceitos sociológicos e filosóficos da necessidade mandatória de tomar uma escolha com consequências impactantes.


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Para além de uma performance aplaudível de Murphy, que reitera seu prestigiado status no cenário do entretenimento, o elenco do longa-metragem conta com monstros da atuação para ajudar a compor esse cenário bélico de maneira a entregar exatamente a mensagem que deseja: Eileen Walsh encarna Eileen, esposa de Bill e uma das peças-chave mais importantes para compreendermos a trajetória do personagem principal; Emily Watson, recém-saída de uma imponente incursão em ‘Duna: A Profecia’, transmuta-se em uma sisuda e perigosa freira que carrega consigo o dom da manipulação; e Zara Devlin amalgama o terror e o pânico das jovens confinadas no convento ao dar vida à Sarah.

Mielants não é nenhum novato no mundo da sétima arte, mas, agora, conseguiu se infiltrar no cenário mainstream através da potente narrativa que levou às telonas, conquistando elogios ao redor do planeta e sabendo utilizar os pontos mais fortes do elenco. Aliando-se ao roteiro de Enda Walsh, Mielants consegue se esquivar das inclinações novelescas e das fórmulas melodramáticas para maximizar essa experiência crítica e visceral de uma dura realidade, conforme minimiza exageros em uma ambientação introspectiva e bastante funcional. É claro que um outro equívoco acaba aparecendo, mas a decisão de condensar a trama de Keegan em um breve filme de pouco menos de cem minutos.

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Pequenas Coisas Como Estas é um grande acerto que finalmente chegou aos cinemas brasileiros e que, com sorte, cairá no radar dos cinéfilos pelas importantes mensagens que entrega. Contando com atuações esplendorosas e investidas que transformam essa impactante história em uma claustrofobia envolvente e angustiante, o novo longa-metragem de Tim Mielants já se sagra uma das grandes produções do ano – e volta a dar os holofotes a Cillian Murphy em sua melhor forma.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Cillian Murphy vem se provando um dos maiores atores de sua geração ano após ano. Depois de ter participado de obras como ‘Peaky Blinders’ e ‘Um Lugar Silencioso: Parte 2’, o astro levou para casa o Oscar de Melhor Ator por sua performance incrível em ‘Oppenheimer’ – caindo ainda mais no gosto da crítica e do público. E, pouco depois de ter colaborado com Christopher Nolan, Murphy firmou parceria com Tim Mielants para um poderoso e cru drama histórico intitulado Pequenas Coisas Como Estas, que chega hoje, 13 de março, aos cinemas brasileiros.

A trama é centrada em Bill Furlong (Murphy), um carvoeiro que mora na pequena cidade irlandesa de New Ross e que é pai de cinco filhas. Além de ser bastante respeitado pelos outros moradores locais, ele lida com traumas de uma penosa infância ao lado da mãe solteira e condenado ao ostracismo pela própria família – e sempre escolheu ficar longe de problemas e não repetir os erros de um passado distante. Em uma determinada noite perto do Natal, Bill vai fazer uma entrega ao convento de garotas da cidade e encontra uma jovem quase congelando de frio e presa em um armazém de carvão – levando-o a descobrir segredos obscuros que se escondem dentro das fortificadas paredes da igreja.

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Baseado no aclamado romance homônimo de Claire Keegan, que inclusive foi eleito como um dos melhores livros do século, a trama traz como inspiração as Lavanderias de Magdalene, nome popular dos manicômios de Magdalene – instituições católicas destinadas a “mulheres caídas”, isto é, a profissionais do sexo, a jovens que ficaram grávidas fora do matrimônio ou àquelas sem apoio familiar. Todavia, apesar de defenderem uma recuperação dessas mulheres, tais lugares funcionavam como um cárcere de escravidão que submetia suas pacientes a trabalharem compulsoriamente, com provisões racionadas e sob circunstâncias deploráveis, além de serem exploradas para manter serviços a terceiros através de uma rede de lavanderias – e o mais chocante é que essas prisões existiram entre 1922 e 1998.

Dessa forma, não leva muito tempo até que Bill descubra o que está acontecendo e que, à maneira que deseja salvar aquela garota de retornar para aquele inferno, é alertado para não cruzar caminho com as irmãs que controlam a instituição, pois elas possuem uma influência muito grande em New Ross e podem destruir a vida dele e da família. E, a partir daí, o protagonista se vê em um dilema moral que o coloca no centro de um campo de batalha e que se apoia em conceitos sociológicos e filosóficos da necessidade mandatória de tomar uma escolha com consequências impactantes.

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Para além de uma performance aplaudível de Murphy, que reitera seu prestigiado status no cenário do entretenimento, o elenco do longa-metragem conta com monstros da atuação para ajudar a compor esse cenário bélico de maneira a entregar exatamente a mensagem que deseja: Eileen Walsh encarna Eileen, esposa de Bill e uma das peças-chave mais importantes para compreendermos a trajetória do personagem principal; Emily Watson, recém-saída de uma imponente incursão em ‘Duna: A Profecia’, transmuta-se em uma sisuda e perigosa freira que carrega consigo o dom da manipulação; e Zara Devlin amalgama o terror e o pânico das jovens confinadas no convento ao dar vida à Sarah.

Mielants não é nenhum novato no mundo da sétima arte, mas, agora, conseguiu se infiltrar no cenário mainstream através da potente narrativa que levou às telonas, conquistando elogios ao redor do planeta e sabendo utilizar os pontos mais fortes do elenco. Aliando-se ao roteiro de Enda Walsh, Mielants consegue se esquivar das inclinações novelescas e das fórmulas melodramáticas para maximizar essa experiência crítica e visceral de uma dura realidade, conforme minimiza exageros em uma ambientação introspectiva e bastante funcional. É claro que um outro equívoco acaba aparecendo, mas a decisão de condensar a trama de Keegan em um breve filme de pouco menos de cem minutos.

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Pequenas Coisas Como Estas é um grande acerto que finalmente chegou aos cinemas brasileiros e que, com sorte, cairá no radar dos cinéfilos pelas importantes mensagens que entrega. Contando com atuações esplendorosas e investidas que transformam essa impactante história em uma claustrofobia envolvente e angustiante, o novo longa-metragem de Tim Mielants já se sagra uma das grandes produções do ano – e volta a dar os holofotes a Cillian Murphy em sua melhor forma.

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