quarta-feira , 12 fevereiro , 2025

Crítica | ‘Capitão América: Admirável Mundo Novo’ é um filme morno, mas de entretenimento honesto

Faz seis anos que Steve Rogers (Chris Evans) voltou no tempo e decidiu viver sua merecida vida como civil, deixando o escudo e o manto do Capitão América para Sam Wilson (Anthony Mackie). Nesse espaço de tempo, o que parecia ser uma despedida digna de um ícone das telonas e o nascimento do novo símbolo que lideraria essa nova fase do Universo Cinematográfico Marvel acabou se perdendo diante de fatores completamente improváveis, como a pandemia de Covid-19 e o desinteresse crescente dos fãs de filmes com super-heróis por essas produções, muito por conta do bombardeio de produções que a própria Marvel promoveu em seu universo.

Esse intervalo abriu uma crise sem precedentes no Marvel Studios, que viu suas críticas sempre positivas descambarem para longas decepcionantes e sofrerem com campanhas de ódio antes mesmo dos filmes estrearem, como ocorreu com Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021), que foi boicotado na China por conta de posicionamento do protagonista em relação ao regime da República Popular, assim como As Marvels (2023), que já nasceu fadado ao fracasso com fake news, atrasos e uma forte antipatia do público pela protagonista. Além disso, a grande quantidade de séries lançadas no streaming reduziram o interesse do grande público, que deixou de acompanhar o desenvolvimento do MCU de forma tão fervorosa quanto nas primeiras fases deste universo compartilhado.

captain america: brave new world

Pois bem, tendo de enfrentar fracassos pela primeira vez desde 2008, quando lançou O Incrível Hulk, a Marvel redefiniu seu calendário de lançamentos, deixou apenas Deadpool & Wolverine para estrear nas telonas em 2024, o que resgatou o interesse do público por assistir produções da casa novamente. Com esse ‘intervalo’, o estúdio chega a 2025 com três filmes de cinema por vir, cabendo a Capitão América: Admirável Mundo Novo abrir o calendário. Era uma aposta segura, com título forte e dando prosseguimento a uma das séries de maior sucesso do estúdio: Falcão e o Soldado Invernal (2021). Porém, o filme novamente já chega aos cinemas com uma campanha de ódio promovida por pessoas que sequer assistiram o longa e usam de notícias falsas de supostos insiders para vender a ideia de que o projeto teve bastidores caóticos, com demissão de diretor – que não aconteceu – e uma suposta refilmagem de 50% do filme, o que jamais foi comprovado.

Diante dessa campanha negativa, muitos sequer querem dar uma chance para o longa, já achando que será uma bomba. No entanto, o filme passa longe de ser essa tragédia anunciada por portais do exterior. A trama dá prosseguimento aos eventos de Falcão e o Soldado Invernal, já em uma realidade na qual Sam Wilson é inquestionavelmente o Capitão América. Ele não perde tempo tentando se provar para as pessoas, porque todos sabem que ele é o ‘Caps’ e o respeitam como tal. Nesse meio tempo, os EUA elegeram o General Ross (Harrison Ford) como presidente do país, trazendo mais conservadorismo para a Casa Branca. O antigo rival dos Vingadores, porém, entende que sua visão sobre os heróis, intensificada em Capitão América: Guerra Civil (2016), se provou errada. Então, ele convida Sam para trabalhar junto a ele em uma reconstrução dos Vingadores. O problema é que ele sofre um atentado que é atribuído a Isaiah Bradley (Carl Lumbly), o ‘Capitão apagado da história’, que foi apadrinhado por Sam durante a série de 2021. Ele é mandado para a prisão, mas o Capitão América não se convence de um possível surto, dando início a uma investigação que o leva a uma trama conspiratória envolvendo velhos conhecidos do presidente dos EUA.

Crítica | 'Capitão América: Admirável Mundo Novo' é um filme morno, mas de entretenimento honesto

Vale destacar que o filme é uma típica aventura do Capitão América. Quem já pegou um gibi regular do herói, naquelas revistinhas que não integram grandes sagas e estão nas bancas apenas por conta do compromisso mensal de lançamento, vai sentir a mesma sensação da leitura. Dito isso, por mais que o longa flerte com o thriller político em certos momentos, ele nunca se desenvolve nesse molde. Ele é essencialmente uma aventura voltada para dois heróis, cujas habilidades incluem voar e bater. Sabendo disso, o filme não tenta ir além, criando uma trama ridiculamente simples, mas eficaz.

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Entretanto, diante dos coadjuvantes e do núcleo que permeia Sam Wilson, o longa parece mais uma sequência de O Incrível Hulk do que dos filmes do Capitão América. O filme retoma várias pontas soltas da aventura de 2008 e as conclui de forma satisfatória. O ponto aqui é que muitos fãs não faziam questão de revisitar esse núcleo, ainda mais em uma aventura do Capitão América, que tem seus personagens, como a Sociedade da Serpente, reduzidos a meras participações sem relevância. Neste ponto, a série do Falcão lidou melhor com a construção de vilões e coadjuvantes que dialogassem melhor com o protagonista.

Crítica | 'Capitão América: Admirável Mundo Novo' é um filme morno, mas de entretenimento honesto

Ao fim do filme, de todos os personagens abordados, fica a sensação de que o público só deveria se importar mesmo com o Capitão América e o novo Falcão. É a única relação efetivamente desenvolvida no entorno do herói, e isso se deve muito à química de Anthony Mackie e Danny Ramírez, que parece amigos de longa data. Com essa relação de amizade entre mestre e aprendiz, eles desenvolvem esse núcleo do Capitão América de forma competente e divertida.

Também há muita química entre Mackie e o lendário Harrison Ford. O carrancudo mais amado de Hollywood assume o papel de Presidente Ross, substituindo o falecido William Hurt. E essa provavelmente foi a primeira vez que o personagem conseguiu extrair sentimentos não-odiosos do público. Em sua nova empreitada, agora na política, Ross tenta ser mais diplomático e aberto a ideias. Acima de tudo, ele quer provar para a filha que é um homem mudado, deixando que sua obsessão por prender o Hulk e os outros heróis desse espaço a sentimentos mais importantes. Sua relação com Sam é interessante, porque envolve uma clara briga de egos. O entendimento de Mackie e Ford em cena é fundamental para o desenrolar da trama, segurando o interesse do público em momentos de menor inspiração narrativa, por assim dizer.

Crítica | 'Capitão América: Admirável Mundo Novo' é um filme morno, mas de entretenimento honesto

Outra grande preocupação criada no público, e aí a culpa recai sobre os próprios trailers, era quanto o uso de CGI no filme. As versões divulgadas oficialmente não estavam finalizadas e traziam cenários incomodamente artificiais. O resulto final está bem melhor do que aquilo prometido nos trailers, com um melhor acabamento nos efeitos visuais, ficando dentro dos padrões recentes de CGI de Hollywood. O problema mesmo é o uso de cores pastéis e da baixa saturação, que dão um resultado esteticamente feio, pouco inspirado. A batalha final é tão opaca que parece ter saído diretamente de Wicked. É meio decepcionante, porque é um filme que traz alguns bons elementos dos quadrinhos, então poderia trabalhar um pouco melhor essa coloração dos cenários e contrastes visuais.

Falando sobre essa inspiração dos quadrinhos, os fãs do Hulk vão sentir um alívio. Após a Marvel apostar no Professor Hulk, a versão grosseirona e irracional deixou saudades nos apaixonados pelo monstrão. O Hulk Vermelho de Harrison Ford vem para ocupar esse espaço, causando uma destruição gigantesca e utilizado golpes de luta icônicos do Hulk das HQs. O mesmo se aplica ao Capitão América, que combina o lançamento do escudo com suas asas de vibranium, criando combos visualmente interessantes e bem cartunescos. É muito legal de ver Sam Wilson lutando com o novo traje.

Crítica | 'Capitão América: Admirável Mundo Novo' é um filme morno, mas de entretenimento honesto

Por fim, é uma pena que dois atores de altíssimo calibre tenham sido desperdiçados em papéis menores. Tim Blake Nelson, que interpreta o Líder, não tinha muito o que fazer. Ele foi escalado para o papel em 2008 e apenas retornou para continuar a desenvolvê-lo em tela. Mesmo sem ter muito o que fazer, ele segue com uma boa presença e até chega a ser ameaçador em alguns momentos, mas merecia um destaque muito maior. O mesmo acontece com Giancarlo Esposito, que interpreta o mercenário líder da Sociedade da Serpente. Não que ele esteja mal no papel, mas a verdade é que é um vilão tão genérico que poderia ser interpretado por qualquer um. Gastar um ator desse calibre em um personagem assim é extremamente frustrante.

No fim das contas, o grande problema do filme é essa falta de foco. Ao mesmo tempo que há uma trama do Capitão América, o universo do Hulk toma conta de tempo demais de tela, o que surpreendentemente acaba diminuindo a sensação de urgência, de ameaça. Porque por mais que haja um vilão maligno ali, todos sabem que o clímax será a luta contra o Hulk Vermelho, e como o Capitão será parte central dos próximos filmes dos Vingadores, todos sabem que não vai acontecer nada de ruim para o herói. É engraçado lembrar que o próprio Steve Rogers sofreu com isso em seu primeiro filme. Ele foi o último longa antes de Os Vingadores (2012), então Capitão América: O Primeiro Vingador (2011) também teve de lidar com essa redução da sensação de urgência, só encontrando o ‘tom certo’ no segundo capítulo da saga.

Crítica | 'Capitão América: Admirável Mundo Novo' é um filme morno, mas de entretenimento honesto

Mesmo com tanto pontos conflitantes, Capitão América: Admirável Mundo Novo passa longe de ser um filme ruim, um fracasso ou uma bomba, como muitos previam antes do lançamento. É uma aventura bastante honesta, que consegue entreter de forma eficaz. Também passa longe de ser um excelente filme, bom dizer. É um típico entretenimento ao estilo Sessão da Tarde, que certamente passará a ser mais valorizado quando estiver sendo exibido na TV aberta daqui a uns dois anos. Vale a pena ser visto com um saco de pipocas, doces superfaturados e um copão de refrigerante. Um entretenimento despretensioso que consegue agradar mesmo sem ousar ou trazer algum diferencial.

Capitão América: Admirável Mundo Novo estreia em 13 de fevereiro de 2025.

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Pedro Sobreirohttps://twilen.xyz/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Crítica | ‘Capitão América: Admirável Mundo Novo’ é um filme morno, mas de entretenimento honesto

Faz seis anos que Steve Rogers (Chris Evans) voltou no tempo e decidiu viver sua merecida vida como civil, deixando o escudo e o manto do Capitão América para Sam Wilson (Anthony Mackie). Nesse espaço de tempo, o que parecia ser uma despedida digna de um ícone das telonas e o nascimento do novo símbolo que lideraria essa nova fase do Universo Cinematográfico Marvel acabou se perdendo diante de fatores completamente improváveis, como a pandemia de Covid-19 e o desinteresse crescente dos fãs de filmes com super-heróis por essas produções, muito por conta do bombardeio de produções que a própria Marvel promoveu em seu universo.

Esse intervalo abriu uma crise sem precedentes no Marvel Studios, que viu suas críticas sempre positivas descambarem para longas decepcionantes e sofrerem com campanhas de ódio antes mesmo dos filmes estrearem, como ocorreu com Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021), que foi boicotado na China por conta de posicionamento do protagonista em relação ao regime da República Popular, assim como As Marvels (2023), que já nasceu fadado ao fracasso com fake news, atrasos e uma forte antipatia do público pela protagonista. Além disso, a grande quantidade de séries lançadas no streaming reduziram o interesse do grande público, que deixou de acompanhar o desenvolvimento do MCU de forma tão fervorosa quanto nas primeiras fases deste universo compartilhado.

captain america: brave new world

Pois bem, tendo de enfrentar fracassos pela primeira vez desde 2008, quando lançou O Incrível Hulk, a Marvel redefiniu seu calendário de lançamentos, deixou apenas Deadpool & Wolverine para estrear nas telonas em 2024, o que resgatou o interesse do público por assistir produções da casa novamente. Com esse ‘intervalo’, o estúdio chega a 2025 com três filmes de cinema por vir, cabendo a Capitão América: Admirável Mundo Novo abrir o calendário. Era uma aposta segura, com título forte e dando prosseguimento a uma das séries de maior sucesso do estúdio: Falcão e o Soldado Invernal (2021). Porém, o filme novamente já chega aos cinemas com uma campanha de ódio promovida por pessoas que sequer assistiram o longa e usam de notícias falsas de supostos insiders para vender a ideia de que o projeto teve bastidores caóticos, com demissão de diretor – que não aconteceu – e uma suposta refilmagem de 50% do filme, o que jamais foi comprovado.

Diante dessa campanha negativa, muitos sequer querem dar uma chance para o longa, já achando que será uma bomba. No entanto, o filme passa longe de ser essa tragédia anunciada por portais do exterior. A trama dá prosseguimento aos eventos de Falcão e o Soldado Invernal, já em uma realidade na qual Sam Wilson é inquestionavelmente o Capitão América. Ele não perde tempo tentando se provar para as pessoas, porque todos sabem que ele é o ‘Caps’ e o respeitam como tal. Nesse meio tempo, os EUA elegeram o General Ross (Harrison Ford) como presidente do país, trazendo mais conservadorismo para a Casa Branca. O antigo rival dos Vingadores, porém, entende que sua visão sobre os heróis, intensificada em Capitão América: Guerra Civil (2016), se provou errada. Então, ele convida Sam para trabalhar junto a ele em uma reconstrução dos Vingadores. O problema é que ele sofre um atentado que é atribuído a Isaiah Bradley (Carl Lumbly), o ‘Capitão apagado da história’, que foi apadrinhado por Sam durante a série de 2021. Ele é mandado para a prisão, mas o Capitão América não se convence de um possível surto, dando início a uma investigação que o leva a uma trama conspiratória envolvendo velhos conhecidos do presidente dos EUA.

Crítica | 'Capitão América: Admirável Mundo Novo' é um filme morno, mas de entretenimento honesto

Vale destacar que o filme é uma típica aventura do Capitão América. Quem já pegou um gibi regular do herói, naquelas revistinhas que não integram grandes sagas e estão nas bancas apenas por conta do compromisso mensal de lançamento, vai sentir a mesma sensação da leitura. Dito isso, por mais que o longa flerte com o thriller político em certos momentos, ele nunca se desenvolve nesse molde. Ele é essencialmente uma aventura voltada para dois heróis, cujas habilidades incluem voar e bater. Sabendo disso, o filme não tenta ir além, criando uma trama ridiculamente simples, mas eficaz.

Entretanto, diante dos coadjuvantes e do núcleo que permeia Sam Wilson, o longa parece mais uma sequência de O Incrível Hulk do que dos filmes do Capitão América. O filme retoma várias pontas soltas da aventura de 2008 e as conclui de forma satisfatória. O ponto aqui é que muitos fãs não faziam questão de revisitar esse núcleo, ainda mais em uma aventura do Capitão América, que tem seus personagens, como a Sociedade da Serpente, reduzidos a meras participações sem relevância. Neste ponto, a série do Falcão lidou melhor com a construção de vilões e coadjuvantes que dialogassem melhor com o protagonista.

Crítica | 'Capitão América: Admirável Mundo Novo' é um filme morno, mas de entretenimento honesto

Ao fim do filme, de todos os personagens abordados, fica a sensação de que o público só deveria se importar mesmo com o Capitão América e o novo Falcão. É a única relação efetivamente desenvolvida no entorno do herói, e isso se deve muito à química de Anthony Mackie e Danny Ramírez, que parece amigos de longa data. Com essa relação de amizade entre mestre e aprendiz, eles desenvolvem esse núcleo do Capitão América de forma competente e divertida.

Também há muita química entre Mackie e o lendário Harrison Ford. O carrancudo mais amado de Hollywood assume o papel de Presidente Ross, substituindo o falecido William Hurt. E essa provavelmente foi a primeira vez que o personagem conseguiu extrair sentimentos não-odiosos do público. Em sua nova empreitada, agora na política, Ross tenta ser mais diplomático e aberto a ideias. Acima de tudo, ele quer provar para a filha que é um homem mudado, deixando que sua obsessão por prender o Hulk e os outros heróis desse espaço a sentimentos mais importantes. Sua relação com Sam é interessante, porque envolve uma clara briga de egos. O entendimento de Mackie e Ford em cena é fundamental para o desenrolar da trama, segurando o interesse do público em momentos de menor inspiração narrativa, por assim dizer.

Crítica | 'Capitão América: Admirável Mundo Novo' é um filme morno, mas de entretenimento honesto

Outra grande preocupação criada no público, e aí a culpa recai sobre os próprios trailers, era quanto o uso de CGI no filme. As versões divulgadas oficialmente não estavam finalizadas e traziam cenários incomodamente artificiais. O resulto final está bem melhor do que aquilo prometido nos trailers, com um melhor acabamento nos efeitos visuais, ficando dentro dos padrões recentes de CGI de Hollywood. O problema mesmo é o uso de cores pastéis e da baixa saturação, que dão um resultado esteticamente feio, pouco inspirado. A batalha final é tão opaca que parece ter saído diretamente de Wicked. É meio decepcionante, porque é um filme que traz alguns bons elementos dos quadrinhos, então poderia trabalhar um pouco melhor essa coloração dos cenários e contrastes visuais.

Falando sobre essa inspiração dos quadrinhos, os fãs do Hulk vão sentir um alívio. Após a Marvel apostar no Professor Hulk, a versão grosseirona e irracional deixou saudades nos apaixonados pelo monstrão. O Hulk Vermelho de Harrison Ford vem para ocupar esse espaço, causando uma destruição gigantesca e utilizado golpes de luta icônicos do Hulk das HQs. O mesmo se aplica ao Capitão América, que combina o lançamento do escudo com suas asas de vibranium, criando combos visualmente interessantes e bem cartunescos. É muito legal de ver Sam Wilson lutando com o novo traje.

Crítica | 'Capitão América: Admirável Mundo Novo' é um filme morno, mas de entretenimento honesto

Por fim, é uma pena que dois atores de altíssimo calibre tenham sido desperdiçados em papéis menores. Tim Blake Nelson, que interpreta o Líder, não tinha muito o que fazer. Ele foi escalado para o papel em 2008 e apenas retornou para continuar a desenvolvê-lo em tela. Mesmo sem ter muito o que fazer, ele segue com uma boa presença e até chega a ser ameaçador em alguns momentos, mas merecia um destaque muito maior. O mesmo acontece com Giancarlo Esposito, que interpreta o mercenário líder da Sociedade da Serpente. Não que ele esteja mal no papel, mas a verdade é que é um vilão tão genérico que poderia ser interpretado por qualquer um. Gastar um ator desse calibre em um personagem assim é extremamente frustrante.

No fim das contas, o grande problema do filme é essa falta de foco. Ao mesmo tempo que há uma trama do Capitão América, o universo do Hulk toma conta de tempo demais de tela, o que surpreendentemente acaba diminuindo a sensação de urgência, de ameaça. Porque por mais que haja um vilão maligno ali, todos sabem que o clímax será a luta contra o Hulk Vermelho, e como o Capitão será parte central dos próximos filmes dos Vingadores, todos sabem que não vai acontecer nada de ruim para o herói. É engraçado lembrar que o próprio Steve Rogers sofreu com isso em seu primeiro filme. Ele foi o último longa antes de Os Vingadores (2012), então Capitão América: O Primeiro Vingador (2011) também teve de lidar com essa redução da sensação de urgência, só encontrando o ‘tom certo’ no segundo capítulo da saga.

Crítica | 'Capitão América: Admirável Mundo Novo' é um filme morno, mas de entretenimento honesto

Mesmo com tanto pontos conflitantes, Capitão América: Admirável Mundo Novo passa longe de ser um filme ruim, um fracasso ou uma bomba, como muitos previam antes do lançamento. É uma aventura bastante honesta, que consegue entreter de forma eficaz. Também passa longe de ser um excelente filme, bom dizer. É um típico entretenimento ao estilo Sessão da Tarde, que certamente passará a ser mais valorizado quando estiver sendo exibido na TV aberta daqui a uns dois anos. Vale a pena ser visto com um saco de pipocas, doces superfaturados e um copão de refrigerante. Um entretenimento despretensioso que consegue agradar mesmo sem ousar ou trazer algum diferencial.

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Pedro Sobreirohttps://twilen.xyz/
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