segunda-feira , 31 março , 2025

Aristas brasileiros assinam carta CONDENANDO à resposta da Academia ao ataque a Hamdan Ballal


A Academia do Oscar se reuniu hoje mais cedo para definir sua posição após as críticas que recebeu pelo seu silêncio diante do ataque ao cineasta palestino Hamdan Ballal, um dos diretores do documentário No Other Land, vencedor do Oscar deste ano.

Na ocasião, o cineasta Yuval Abraham, co-diretor do documentário, criticou a omissão da Academia em relação ao tratamento cruel que Ballal recebeu das autoridades israelenses.



Ballal foi agredido por colonos israelenses em sua casa na vila palestina de Susiya, na Cisjordânia, e, ao tentar buscar atendimento médico, foi detido pela polícia israelense. Durante sua prisão, ele teria sido agredido e zombado pelas autoridades, que ainda debocharam de sua vitória no Oscar, liberando-o somente no dia seguinte.

Enquanto isso, de acordo com o Deadline, uma nova declaração foi assinada por membros importantes da Academia, incluindo os atores Olivia Colman, Joaquin Phoenix, Javier Bardem, Penélope Cruz, Emma Thompson, e os diretores Ava DuVernay, Errol Morris, Adam McKay, Jonathan Glazer, além do roteirista Tony Kushner.

Esses artistas se posicionaram contra o silêncio da Academia em relação ao ocorrido, especialmente após uma carta previamente emitida pela instituição, que foi amplamente criticada por Yuval Abraham.


A nova carta foi assinada por mais de 600 membros da Academia, representando todas as divisões da AMPAS. Ela critica a presidente da Academia, Janet Yang, e o CEO Bill Kramer pela carta tardia e superficial emitida sobre o ataque a Ballal, que não mencionava nem o nome do cineasta nem o título do filme.

A lista de assinantes também inclui alguns votantes brasileiros, como Anna Muylaert, Alice Braga, Alê Abreu, Daniel Rezende, Lais Bodanzky, Maria Augusta Ramos, Paula Barreto, Petra Costa, Pedro Kos, Rodrigo Teixeira, Sara Silveira e Vania Catani.

Confira a carta na íntegra:

Assista também: 
YouTube video



“Nós nos posicionamos em condenação ao brutal ataque e à detenção ilegal do cineasta palestino vencedor do Oscar, Hamdan Ballal, por colonos e forças israelenses na Cisjordânia.

Como artistas, dependemos da nossa capacidade de contar histórias sem represálias. Cineastas documentais frequentemente se expõem a riscos extremos para iluminar o mundo. É indefensável que uma organização reconheça um filme com um prêmio na primeira semana de março e, depois, falhe em defender seus cineastas poucas semanas depois.

Ganhar um Oscar não é uma tarefa fácil. A maioria dos filmes em competição conta com ampla distribuição e campanhas exorbitantemente caras direcionadas aos membros votantes. O fato de No Other Land ter vencido um Oscar sem essas vantagens demonstra o quanto o filme é importante para os membros votantes.

O ataque a Ballal não é apenas um ataque a um cineasta — é um ataque a todos aqueles que ousam testemunhar e contar verdades inconvenientes.

Continuaremos a acompanhar esta equipe de cineastas. Ganhar um Oscar colocou suas vidas em perigo crescente, e não vamos poupar palavras quando a segurança de nossos colegas artistas estiver em jogo”.

A nota enviada por Yang e Kramer, na quarta-feira, fez apenas uma menção vaga a Ballal, dizendo:

“A Academia condena prejudicar ou suprimir artistas por seu trabalho ou seus pontos de vista.” A carta seguiu dizendo: “Estamos vivendo em um momento de mudanças profundas, marcadas por conflitos e incertezas — ao redor do mundo, nos EUA e dentro de nossa própria indústria. Compreensivelmente, somos frequentemente solicitados a falar em nome da Academia em resposta a eventos sociais, políticos e econômicos. Nesses casos, é importante notar que a Academia representa quase 11.000 membros globais com muitos pontos de vista únicos”.

Membros do comitê executivo da divisão de documentários da Academia, que pediram anonimato, declararam que acharam a carta de Yang e Kramer “embaraçosa e vergonhosa”.

“Foi realmente um erro”, disse um membro do comitê. “Todos nós achamos completamente horrível. Isso gerou muitas pessoas entrando em contato e escrevendo cartas diretamente para Bill e Janet, dizendo: ‘Isso não nos representa. Isso é horrível. Como vocês puderam emitir esse tipo de comunicado?’ E especialmente porque não mencionava o nome de Ballal nem o nome do filme, o que parecia ainda mais insensível.”

sem chao3

Lembrando que anteriormente Yuval Abraham, co-diretor do documentárioNo Other Land, expressou profunda decepção com a postura da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (Academia do Oscar) diante da prisão e agressão sofrida por seu colega, o cineasta palestino Hamdan Ballal.

Segundo o Deadline, Abraham criticou a inação da Academia, afirmando: “A Academia dos EUA, que nos concedeu um Oscar há três semanas, recusou-se a apoiar publicamente Hamdan Ballal enquanto ele era espancado e torturado por soldados e colonos israelenses”.

O cineasta contrastou essa postura com a da Academia Europeia e de “inúmeros outros grupos de premiação e festivais”, que demonstraram solidariedade.

Abraham revelou que, apesar da pressão de vários membros da Academia do Oscar, especialmente na área de documentários, um comunicado de apoio foi negado.

A justificativa apresentada foi que, como outros palestinos também foram agredidos no ataque dos colonos, o caso poderia ser considerado “irrelevante” para o cinema, e, portanto, não haveria necessidade de uma resposta.

O co-diretor apelou à Academia para que reconsiderasse sua posição e condenasse o ataque:

“Embora Hamdan tenha sido claramente alvo por fazer ‘No Other Land’ (ele se lembrou dos soldados brincando sobre o Oscar enquanto o torturavam), ele também foi alvo por ser palestino – como inúmeros outros todos os dias que são desconsiderados. Isso, aparentemente, deu à Academia uma desculpa para permanecer em silêncio quando um cineasta que eles homenagearam, vivendo sob ocupação israelense, mais precisava deles. Não é tarde demais para mudar essa postura. Mesmo agora, emitir uma declaração condenando o ataque a Hamdan e à comunidade de Masafer Yatta enviaria uma mensagem significativa e serviria como um obstáculo para o futuro”.

Hamdan Ballal

Lembrando que Hamdan Ballal foi liberto recentemente após ser detido e espancado por colonos judeus em sua casa, próxima à aldeia de Susiya. Ele relatou ter sido severamente agredido na presença de soldados israelenses armados.

“Foi um ataque muito, muito forte”, disse Ballal. “Eu senti que ia morrer, porque o ataque foi tão forte, eu sangrava de todos os lugares. Eu estou chorando profundamente do meu coração. Eu sinto dor em todo o meu corpo. Então, eles continuaram me atacando por uns 15-20 minutos”.

As Forças de Defesa de Israel e a Polícia de Israel negaram envolvimento na agressão. As autoridades israelenses afirmaram que Ballal foi detido sob suspeita de jogar pedras, danificar propriedades e comprometer a segurança da área.

A polícia informou que a investigação está em andamento, mas Ballal nega as acusações.

“Eu não joguei pedras, eu não fiz problemas com os colonos”, disse Ballal.


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A Academia do Oscar se reuniu hoje mais cedo para definir sua posição após as críticas que recebeu pelo seu silêncio diante do ataque ao cineasta palestino Hamdan Ballal, um dos diretores do documentário No Other Land, vencedor do Oscar deste ano.

Na ocasião, o cineasta Yuval Abraham, co-diretor do documentário, criticou a omissão da Academia em relação ao tratamento cruel que Ballal recebeu das autoridades israelenses.

Ballal foi agredido por colonos israelenses em sua casa na vila palestina de Susiya, na Cisjordânia, e, ao tentar buscar atendimento médico, foi detido pela polícia israelense. Durante sua prisão, ele teria sido agredido e zombado pelas autoridades, que ainda debocharam de sua vitória no Oscar, liberando-o somente no dia seguinte.

Enquanto isso, de acordo com o Deadline, uma nova declaração foi assinada por membros importantes da Academia, incluindo os atores Olivia Colman, Joaquin Phoenix, Javier Bardem, Penélope Cruz, Emma Thompson, e os diretores Ava DuVernay, Errol Morris, Adam McKay, Jonathan Glazer, além do roteirista Tony Kushner.

Esses artistas se posicionaram contra o silêncio da Academia em relação ao ocorrido, especialmente após uma carta previamente emitida pela instituição, que foi amplamente criticada por Yuval Abraham.

A nova carta foi assinada por mais de 600 membros da Academia, representando todas as divisões da AMPAS. Ela critica a presidente da Academia, Janet Yang, e o CEO Bill Kramer pela carta tardia e superficial emitida sobre o ataque a Ballal, que não mencionava nem o nome do cineasta nem o título do filme.

A lista de assinantes também inclui alguns votantes brasileiros, como Anna Muylaert, Alice Braga, Alê Abreu, Daniel Rezende, Lais Bodanzky, Maria Augusta Ramos, Paula Barreto, Petra Costa, Pedro Kos, Rodrigo Teixeira, Sara Silveira e Vania Catani.

Confira a carta na íntegra:

“Nós nos posicionamos em condenação ao brutal ataque e à detenção ilegal do cineasta palestino vencedor do Oscar, Hamdan Ballal, por colonos e forças israelenses na Cisjordânia.

Como artistas, dependemos da nossa capacidade de contar histórias sem represálias. Cineastas documentais frequentemente se expõem a riscos extremos para iluminar o mundo. É indefensável que uma organização reconheça um filme com um prêmio na primeira semana de março e, depois, falhe em defender seus cineastas poucas semanas depois.

Ganhar um Oscar não é uma tarefa fácil. A maioria dos filmes em competição conta com ampla distribuição e campanhas exorbitantemente caras direcionadas aos membros votantes. O fato de No Other Land ter vencido um Oscar sem essas vantagens demonstra o quanto o filme é importante para os membros votantes.

O ataque a Ballal não é apenas um ataque a um cineasta — é um ataque a todos aqueles que ousam testemunhar e contar verdades inconvenientes.

Continuaremos a acompanhar esta equipe de cineastas. Ganhar um Oscar colocou suas vidas em perigo crescente, e não vamos poupar palavras quando a segurança de nossos colegas artistas estiver em jogo”.

A nota enviada por Yang e Kramer, na quarta-feira, fez apenas uma menção vaga a Ballal, dizendo:

“A Academia condena prejudicar ou suprimir artistas por seu trabalho ou seus pontos de vista.” A carta seguiu dizendo: “Estamos vivendo em um momento de mudanças profundas, marcadas por conflitos e incertezas — ao redor do mundo, nos EUA e dentro de nossa própria indústria. Compreensivelmente, somos frequentemente solicitados a falar em nome da Academia em resposta a eventos sociais, políticos e econômicos. Nesses casos, é importante notar que a Academia representa quase 11.000 membros globais com muitos pontos de vista únicos”.

Membros do comitê executivo da divisão de documentários da Academia, que pediram anonimato, declararam que acharam a carta de Yang e Kramer “embaraçosa e vergonhosa”.

“Foi realmente um erro”, disse um membro do comitê. “Todos nós achamos completamente horrível. Isso gerou muitas pessoas entrando em contato e escrevendo cartas diretamente para Bill e Janet, dizendo: ‘Isso não nos representa. Isso é horrível. Como vocês puderam emitir esse tipo de comunicado?’ E especialmente porque não mencionava o nome de Ballal nem o nome do filme, o que parecia ainda mais insensível.”

sem chao3

Lembrando que anteriormente Yuval Abraham, co-diretor do documentárioNo Other Land, expressou profunda decepção com a postura da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (Academia do Oscar) diante da prisão e agressão sofrida por seu colega, o cineasta palestino Hamdan Ballal.

Segundo o Deadline, Abraham criticou a inação da Academia, afirmando: “A Academia dos EUA, que nos concedeu um Oscar há três semanas, recusou-se a apoiar publicamente Hamdan Ballal enquanto ele era espancado e torturado por soldados e colonos israelenses”.

O cineasta contrastou essa postura com a da Academia Europeia e de “inúmeros outros grupos de premiação e festivais”, que demonstraram solidariedade.

Abraham revelou que, apesar da pressão de vários membros da Academia do Oscar, especialmente na área de documentários, um comunicado de apoio foi negado.

A justificativa apresentada foi que, como outros palestinos também foram agredidos no ataque dos colonos, o caso poderia ser considerado “irrelevante” para o cinema, e, portanto, não haveria necessidade de uma resposta.

O co-diretor apelou à Academia para que reconsiderasse sua posição e condenasse o ataque:

“Embora Hamdan tenha sido claramente alvo por fazer ‘No Other Land’ (ele se lembrou dos soldados brincando sobre o Oscar enquanto o torturavam), ele também foi alvo por ser palestino – como inúmeros outros todos os dias que são desconsiderados. Isso, aparentemente, deu à Academia uma desculpa para permanecer em silêncio quando um cineasta que eles homenagearam, vivendo sob ocupação israelense, mais precisava deles. Não é tarde demais para mudar essa postura. Mesmo agora, emitir uma declaração condenando o ataque a Hamdan e à comunidade de Masafer Yatta enviaria uma mensagem significativa e serviria como um obstáculo para o futuro”.

Hamdan Ballal

Lembrando que Hamdan Ballal foi liberto recentemente após ser detido e espancado por colonos judeus em sua casa, próxima à aldeia de Susiya. Ele relatou ter sido severamente agredido na presença de soldados israelenses armados.

“Foi um ataque muito, muito forte”, disse Ballal. “Eu senti que ia morrer, porque o ataque foi tão forte, eu sangrava de todos os lugares. Eu estou chorando profundamente do meu coração. Eu sinto dor em todo o meu corpo. Então, eles continuaram me atacando por uns 15-20 minutos”.

As Forças de Defesa de Israel e a Polícia de Israel negaram envolvimento na agressão. As autoridades israelenses afirmaram que Ballal foi detido sob suspeita de jogar pedras, danificar propriedades e comprometer a segurança da área.

A polícia informou que a investigação está em andamento, mas Ballal nega as acusações.

“Eu não joguei pedras, eu não fiz problemas com os colonos”, disse Ballal.

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