Lançado exatamente dois anos e um mês após Pânico 2, Pânico 3 fez sua estreia mundial na Califórnia em 3 de fevereiro de 2000, e completou, hoje, 25 anos de seu lançamento. O filme estreou oficialmente nos Estados Unidos no dia seguinte, 4 de fevereiro, e no Brasil, chegou aos cinemas em 7 de julho do mesmo ano.
Com um orçamento de US$40 milhões, Pânico 3 foi o mais caro da franquia até então, um reflexo do sucesso crescente da série, que se tornou uma das mais lucrativas do gênero. De fato, o quarto filme da saga também teve o mesmo orçamento, lançado onze anos depois. No entanto, em termos de retorno financeiro, o terceiro filme foi o menos rentável dos três primeiros. Embora tenha arrecadado mais de US$161 milhões ao redor do mundo, Pânico 3 não teve o impacto esperado, principalmente porque foi lançado após o timing ideal. Se tivesse sido lançado logo após Pânico 2, em 1998, teria provavelmente gerado mais bilheteiras e mantido a empolgação do público.
A produção de Pânico 3 enfrentou dois grandes impasses. O primeiro deles foi a resistência da atriz Neve Campbell, que interpretou a protagonista Sidney Prescott em todos os filmes da franquia – exceto ‘Pânico 6‘. Na época, Campbell estava em busca de novos desafios em sua carreira, depois de ter ganhado popularidade com filmes como Jovens Bruxas (1996), Garotas Selvagens (1998) e Studio 54 (1998). Ela não queria se prender eternamente ao mesmo papel. Contudo, o diretor da franquia, Wes Craven, afirmou que sem Sidney Prescott, não haveria Pânico 3. Após um longo período de negociações, Campbell aceitou retornar, mas com um contrato que limitava suas gravações a apenas 20 dias, o que resultou no filme onde Sidney aparece por menos tempo do que nos outros filmes.
O outro obstáculo foi a saída de Kevin Williamson, o roteirista responsável por escrever os dois primeiros filmes. Na época, Williamson estava no auge de sua carreira, tendo criado a famosa série Dawson’s Creek e sendo requisitado para diversos projetos. Oficialmente, ele não pôde se envolver com o filme por conta de sua agenda lotada, mas alguns relatos sugerem que ele chegou a escrever um tratamento inicial para Pânico 3, o qual foi descartado pelo roteirista substituto, Ehren Kruger, que foi contratado para escrever o roteiro. Algumas especulações indicam que as ideias de Williamson foram rejeitadas por motivos de ego por parte do novo roteirista.
No início, o roteiro de Pânico 3 trazia de volta o personagem Stu (interpretado por Matthew Lillard), um dos vilões do primeiro filme, que teria sobrevivido aos ferimentos graves do final do longa. O personagem teria comandado os novos assassinos de dentro da prisão, e o enredo se passaria em um colégio, com novos assassinatos. No entanto, devido ao massacre real na escola de Columbine, em Colorado, o roteiro foi reescrito, e a trama foi deslocada para Hollywood, onde os assassinatos giravam em torno da produção do filme fictício Stab 3 (um filme dentro do filme). A mudança não apenas evitou tocar em temas delicados, mas também levou o filme a focar mais nos bastidores da indústria cinematográfica.
Apesar das falhas e inconsistências no enredo, Pânico 3 se destaca como uma sátira ao mundo do cinema e à indústria de Hollywood, o que o torna uma obra distinta dentro da franquia. O filme aprofunda o conceito metalinguístico apresentado no segundo filme, ao focar na produção de Stab 3. O elenco de apoio é formado por atores, diretores e produtores que trabalham no filme dentro do filme, e muitos desses personagens acabam se tornando as vítimas, vivendo em um verdadeiro filme de terror. O tom cômico e a ausência de cenas de gore (sangue e violência explícita), que eram características mais presentes nas versões anteriores, tornam este filme o mais leve da trilogia.
Pânico 3 também conta com algumas participações especiais curiosas. Entre elas, temos os personagens Jay e Silent Bob, de Kevin Smith, e Carrie Fisher, que faz uma participação como uma secretária, fazendo uma brincadeira sobre o fato de nunca ter sido a Princesa Leia no cinema por se recusar a dormir com George Lucas. Além disso, Wes Craven chegou a ser considerado para o papel de John Milton, o produtor com um passado sombrio, que acabou ficando com Lance Henriksen.
Na época, havia um grande temor de vazamento de spoilers, e por isso, Craven filmou três finais diferentes para o filme, além de manter total sigilo sobre o conteúdo. Os próprios atores só conheceram o filme completo durante a pré-estreia. Além disso, uma cena de abertura foi escrita, mas não chegou a ser filmada. Nessa versão, Sidney enfrentava um Ghostface em sua casa, apenas para descobrir que era um fã dos filmes Stab fazendo uma pegadinha com ela.
O grande momento de “pular o tubarão” (termo usado para descrever reviravoltas absurdas e forçadas) em Pânico 3 ocorre quando é revelado que o assassino é Roman Bridger (interpretado por Scott Foley), o diretor de Stab 3. Até aí, tudo bem, mas a verdadeira motivação por trás dos assassinatos é algo inusitado: ele é o irmão perdido de Sidney, que ela nunca soubera da existência. Esse tipo de reviravolta soa forçado e muitas vezes é criticado por ser uma solução preguiçosa de roteiro, muito comum em novelas e filmes que tentam surpreender o público à custa de consistência.
Outro ponto que gerou controvérsia entre os fãs foi a teoria de que Pânico 3 teria, na verdade, dois assassinos. Embora oficialmente seja o único filme da série em que há apenas um assassino, Roman Bridger, existem várias pistas ao longo do filme que sugerem que Angelina (interpretada por Emily Mortimer), a atriz que interpreta Sidney no filme Stab 3, poderia ser uma segunda assassina. A atriz tem comportamentos suspeitos, e algumas cenas deixam a impressão de que ela está envolvida nos crimes, mas essas pistas nunca são confirmadas.
Segundo o próprio Wes Craven, Angelina seria inicialmente uma das assassinas, uma ex-colega de Sidney, obcecada pela história trágica da protagonista. No entanto, essa ideia foi descartada durante a produção, o que resultou em diversas cenas soltas, que não fazem sentido dentro da narrativa final.
Com o retorno de Scott Foley em ‘Pânico 7‘, será que teremos algumas revelações escondidas sobre um assassino antigo da franquia?
Em termos de desempenho, Pânico 3 estreou em 3.467 salas de cinema nos Estados Unidos, um recorde que seria batido no ano seguinte por Harry Potter e a Pedra Filosofal, que estreou em 3.762 salas.
Alguns atores famosos quase participaram de Pânico 3, como Jamie Lee Curtis, que foi oferecida o papel que acabou ficando com Carrie Fisher. Téa Leoni também foi considerada para o papel de Jennifer, que foi interpretado por Parker Posey. Outros nomes como Alicia Silverstone, Denise Richards, Liv Tyler, Claire Denis e Ben Affleck foram cogitados para outros papéis no filme. No entanto, a participação mais curiosa foi de Kate Hudson, que foi contratada para o filme, mas substituída no início da produção. Na capa do filme Uma Aventura no Deserto (1998), ela ainda é creditada como parte do elenco de Pânico 3, mas seu papel acabou sendo interpretado por Kelly Rutherford.
E você, o que acha de Pânico 3? Curte a franquia? Ficou surpreso com as curiosidades desse filme?